
Aparentas uma voz calma. Sais em surdina da rua onde passam as vestes ociosas do passado.
"What's the purpose?" - perguntas-me
enquanto eu deixo cair a tua blusa desapertando o último botão.
"Não sei" - penso!
Mais uma vez caimos na mesma solidão e essa fonte carnal com suor e gemidos latentes soa a solução pouco segura... (pausa) Sente!
O arrepio suave que um toque na nuca transmite e de seguida envolves de fragância mar os meus sentidos já prestes a brotarem com a correnteza das sensações cardiacas perdidas na infinitude da tua pelvis.
"Qual é o propósito?" - penso.
"Qual é o propósito?" - digo.
"Qual é o propósito?" - digo com afinco.
E já não sei se penso só ou também o sinto, como se a tua presença lançasse o meu coração num abismo de chamas. E perco-me enrolado no teu ventre, numa reaparição estranha de mim, na insistência das minhas veias carregadas de solidão prestes a explodir.
Qual o propósito disto, se não o fazemos de propósito nem com objectivo?
Efémuro e imediato como uma actuação, com o tu bailando sobre o eu, com a transcendência de ti negando este amor maldito que um dia inscrevi na minha vida. Para sempre condenado a te gritar:
"There is no purpose!"
3 comentários:
sonho ou realidade?
Se a única que temos para viver é uma versão melhorada do passado, então o presente só pode ser inferior ao passado... Hipnotizados por imagens de ontem, arriscamo-nos a perder a capacidade de mudança...felicidade de hoje
A vida é feita de procuras ....
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